CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO DE BENS, SERVIÇOS E TURISMO

PIB: Desacelerando pelo lado da oferta

Compartilhe essa publicação:

Sexta pela manhã (02/09), o IBGE divulgou os dados do PIB do segundo trimestre do ano. Em relação ao trimestre encerrado em março, a atividade econômica apresentou desaceleração, registrando crescimento de 0,8%, com ajuste sazonal. A expansão foi basicamente explicada pelo setor de serviços (0,8%), com o comércio apresentado variação de 1,1%. Os desempenhos tanto da indústria (0,2%) quanto da agropecuária (-0,1%) foram muito baixos. No lado da demanda, apesar da expansão da formação bruta de capital fixo ter sido de 1,7% no trimestre, merece destaque o comportamento do consumo das famílias que voltou a acelerar, registrando alta de 1% depois de ter apresentado crescimento de 0,7% no trimestre anterior.

O bom desempenho do mercado de trabalho, com as taxas de desemprego muito baixas em todas as regiões do Brasil, a massa real de salários elevada e a existência de crédito farto, ainda que em condições não tão favoráveis como em momentos anteriores, propulsionaram o consumo das famílias, o que se reflete claramente nos números do comércio. No comércio exterior, as expansões de exportações e importações foram muito mais tímidas do que em trimestres anteriores, 2,3% e 6,1%, respectivamente, mas mesmo assim as importações apresentaram taxa cerca de três vezes maior que a das exportações.

Em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, a desaceleração também foi evidente. Depois de ter crescido 5% no trimestre terminado em dez/10 e 4,2% no encerrado em mar/11, o crescimento registrado no 2° trim/11 foi de 3,1%. Enquanto o valor adicionado, efetivamente resultado da atividade produtiva, cresceu 2,7%, os impostos líquidos de subsídio cresceram 6%. A desaceleração foi disseminada em todos os setores da economia. Do ponto de vista da demanda, nessa base de comparação, destaca-se o comportamento do consumo das famílias que se expandiu 5,5%, a trigésima vez consecutiva. A boa notícia é que o investimento cresceu 5,9%, o equivalente a cerca de duas vezes a taxa de crescimento do PIB.

Enquanto em 12 meses o PIB registra expansão de 4,7%, no acumulado do ano, o crescimento é de 3,6%. A previsão do último Relatório Focus é que o ano encerre com um crescimento de 3,79%. Como os dados dessa divulgação vieram menores do que o previsto pelo mercado, certamente essa previsão deverá sofrer um ajuste para baixo. O problema é que a desaceleração está ocorrendo via oferta, e não via demanda, que permanece aquecida. Essa tipologia de desaceleração não colabora para um cenário de inflação mais baixa, muito pelo contrário, mostra que existe um estrangulamento de oferta, e dessa forma, pressões de demanda na economia doméstica.

Rolar para cima